sábado, 12 de fevereiro de 2011

ב ר א ש י ת Be'REShYTh No princípio

"In my beginning is my end"
- T. S. Eliot


Nasci no meio do mato, numa choça pobretona, no fundo de uma grota. Aos 2 ou 3 anos, fui acometido de um mal terrível, dores insuportáveis no baixo ventre, que me faziam rolar no chão, e desmaiar. Nenhum médico ou remédio conseguiu me salvar. Um dia, cheguei a morrer, nos braços de meu pai, e ressuscitei, para continuar sofrendo. Até que um meseiro, chamado Misael, de Três Corações, MG, recomendou uma lavagem intestinal com água de maxixe, que me curou.

Essa cura me deixou impressionado para o resto da vida. Sempre procurei entender o mistério, o segredo do cu, o lugar por onde entrou a minha salvação e por onde o mal foi expelido. Só posso acreditar que Deus me infligiu esse mal para que eu jamais esquecesse esse lugar e, no afã de entender o que me acontecera, acabasse descobrindo que esse é o lugar sagrado, a morada do próprio Deus.

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Empregando técnicas ditas cabalísticas, conversão de letras em números, análise combinatória, pesquisa anagramática, e com auxílio de dicionários, apresento aqui um estudo da expressão hebraica ב ר א ש י ת Be'REShYTh, traduzida como "No princípio", que inicia e nomeia o primeiro livro da Bíblia.

Alguém disse que o anagrama revela a verdade. É uma espécie de etimologia mais radical, que mergulha nas entranhas das palavras e nos leva a outras dimensões da realidade, ao universo quântico & paralelo das partículas verbais, letras ou fonemas, que se combinam em arranjos luminosos, revelando uma verdade oculta, que raramente emerge à tona da percepção ordinária. Cada letra é um símbolo complexo, que encerra muitos significados, mas sempre coerentes, que reafirmam a mesma mensagem.

Já sabíamos que a etimologia nos conduz à verdade, conforme a etimologia da palavra etimologia. Observemos o sentido etimológico e o campo semântico da palavra origem, seus cognatos, e veremos que os vocábulos têm significados convergentes e apontam sempre um mesmo sentido, isto é, rumo, direção, alvo: a cavidade, a boca, o buraco... oral, oráculo, oratório, oração... princípio, início, começo.

Até no espaço sideral, entre todos os objetos celestes, astros e estrelas, a vedete maior é, de longe, sua majestade, o buraco negro.

Quando vejo filósofos, teólogos, religiosos, cientistas, mestres, doutores, especialistas e toda uma legião interminável em busca do sentido da existência, da explicação da vida, da verdade, do motor universal, de Deus, e de tanta coisa que, no fundo, é a mesma coisa, tenho vontade de pocar de rir. Bastaria que esses pobres diabos olhassem para o próprio rabo.

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A expressão hebraica ב ר א ש י ת Be'REShYTh, "No princípio", que inicia o primeiro livro da Bíblia, no original, tem 6 letras, equivalentes a números:

ב = 2
ר = 200
א = 1
ש = 300
י = 10
ת = 400

A soma destes números totaliza 913, que pode ser escrito assim:

900 = ץ (letra TzaDY final) Tz
10 = י (YOD) Y
3 = ג (GYMeL) G

Com estas letras pode-se formar a palavra ג צ ou ג ץ GeTz = sm. faísca, centelha; barro. A letra י Y significa = divino; divindade, Deus; mão, dedo, falo.

Estas letras também podem ser arrumadas em outra ordem, embora a letra צ valha 90, neste caso, e a soma seja outra:

ג צ י = meu barro; minha faísca, minha centelha

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OUTRA LEITURA



As combinações possíveis entre as 6 letras da expressão ב ר א ש י ת Be'REShYTh (1x2x3x4x5x6) chegam a 720, embora nem todas as combinações formem palavras. Convertendo o número 720 em letras, eis o que obtive:

20 = כ K (letra KáPh)
700 = ן N (letra NuN final)

Assim, forma-se a palavra כנ ou כן KeN, que significa: fundamento, base, pedestal; justo, correto, sincero, honesto. Isto quer dizer que o princípio de que fala a Bíblia é uma espécie de base, fundamento, pedestal, alicerce, que possui a virtude de ser justo, correto, sincero, honesto.

Experimentemos uma outra forma de escrever o número 720, adotando as letras כ KáPh (20), ש ShYN (300) e ת TháV (400). O resultado é mais uma revelação:

כ ת ש = KoTheSh = pilão, almofariz, graal
כ ת ש = KáThaSh ou KiTheSh = triturar, moer, pisar, pilar [socar, amassar]

Isso me leva a acreditar que, na realidade, também descobri o famigeradíssimo Santo Graal.

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Pois bem, neste momento, vamos realizar uma análise mais profunda e radical da expressão ב ר א ש י ת Be'REShYTh, através de um processo anagramático em que as palavras geradas combinam-se para formar mensagens coerentes. Às vezes, em termos crus, realistas; outras, em formas poéticas, metafóricas, em que o alto se revela no baixo. Paradoxos do sagrado.

Estes estudos deixam claro que a linguagem dita espiritual, dos chamados livros sagrados, e dos discursos religiosos, das religiões em geral, constitui uma rede de metáforas e uma floresta de símbolos em que quase todos se perdem.

Eu que me chamo Waldo, e sou floresta, e também guia, dirigente, governante, estou aqui para guiar as almas perdidas nesta maranha de luzes, sombras, perigos, espantos e delícias.

Agora, vou mostrar a todos o que é o princípio misterioso a que alude a primeira palavra do primeiro versículo do primeiro capítulo do primeiro livro da Bíblia.

ב ר א ש י ת

ב (Be) = em, entre, dentro, através, com
ר א י (RÁY) = fezes, excremento; aspecto, forma, figura
ש ת (SheTh) = nádegas, traseiro

ב (Be) = cavidade, buraco; recipiente, vasilha
ר א י (RÁY) = fezes, excremento; aspecto, forma, figura
ש ת (SheTh) = nádegas, traseiro

ב (Be) = casa, morada, templo, palácio
ר א י (RÁY) = fezes, excremento; aspecto, forma, figura
ש ת (SheTh) = nádegas, traseiro

ב י ר א (BYRÁ) = poço, cisterna, buraco
ש ת (SheTh) = nádegas, traseiro

ת א (ThÁ) = aposento, cubículo, antro
ב ש ר י (Be'SáRY) = carnudo, polpudo

ב י ת (BaYTh) = recipiente, receptáculo; casa, morada, templo
ש א ר (She'ER) = corpo; carne; alimento; parente

ת א י (ThAEY) = cubículo, câmara, recinto
ש ב ר (ShéVéR) = cereais, grãos, provisões, alimento

ב (Be) = em, com, através
ש א ר י ת (She'ERYTh) = resto, sobra, resíduo, remanescente

ב י ת (BaYTh) = recipiente; vasilha, vaso; cavidade, buraco
ש א ר (Se'ER) = fermentar, levedar [fermentação, levedação]

ב י ת (BaYTh) = recipiente; vasilha, vaso; buraco, cavidade
ש א ר (She'AR) = resto, sobra, resíduo

ר א י (RÁY) = aspecto, aparência, forma; visão, espetáculo
ב ש ת (BoShéTh) = vergonha, infâmia

ש ב ת (ShéVéTh) = permanência, descanso, repouso
ר א י (RÁY) = excremento, fezes

ת א ר (ThoÁR) = sm. forma, figura, imagem, aparência, título, grau, qualidade
ב י ש (BYSh) = mau, ruim, desagradável

ת א י (ThAEY) = cubículo, câmara, recinto
ב א ש (Be'OSh) = mau cheiro, fedor, catinga

ב י ר (BaYR) = poço, cisterna, cacimba, buraco
ש א ת (She'ETh) = ruína, devastação, calamidade, desgraça

ש א ת (She'ETh) = ruína, devastação, calamidade, desgraça
ר ב י (RaBY) = mestre, professor

ש א ת (She'ETh) = ruína, devastação, calamidade, desgraça
ר ב י (RuBY) = grande, abundante


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ב י ר (BaYR) = poço, cisterna, cacimba, buraco
ש א ת (Se'ETh) = força, vigor, elevação, majestade

ש א ת (Se'ETh) = força, vigor, elevação, majestade
ר ב י (RaBY) = mestre, professor

ש א ת (Se'ETh) = força, vigor, elevação, majestade
ר ב י (RuBY) = grande, abundante

ב י ת (BaYTh) = recipiente, morada, lar, palácio, templo
א ש ר (OShéR) = felicidade, benção, contentamento, alegria

ב א ר ת (Be'ERoTh) = poço, cisterna
י ש (YêSh) = substância, essência, síntese; ser, realidade

ת ש ר (ThéShéR) = presente, doação, dádiva, graça, oferenda
א ב י (EVY) = meu viço, meu vigor, minha juventude

ר א ש (ROSh) = base, fundamento; cume, ápice; essência, substância
ב י ת (BaYTh) = casa, morada, palácio, templo; recipiente, vaso

א ב (ÁV) = pai, mestre, iniciador, criador, base
י ש ר ת (YShRaTh) = sinceridade, honestidade, retidão

ת א (ThA) = cubículo, recinto, câmara
ש י (ShaY) = doação, dádiva, graça, presente
ר ב (RaV ou RáV) = abundante, grande

ת א י (TháEY) = cubículo, recinto, aposento, câmara
ב ש ר (BáSSáR) = carne, corpo

ש ר (ShóR) = umbigo [centro, núcleo, cerne]
ב ת א י (BaThAY) = dono ou senhor da casa; chefe, líder

ש י ת (ShYTh) = poço, fosso, buraco
ר ב א (RaBÁ) = grande, importante, grandioso

י ש ר (YéShéR) = endireitamento, alinhamento, retificação, correção
ת א ב (ThaAV) = desejo, anseio, anelo, vontade, volição

ר י ב (RYV) = pleitear, litigar, disputar, demandar, reivindicar
ש א ת (Se'ETh) = força, vigor, poder, dignidade, majestade

ב י ת (BiYeTh) = domesticar, domar, adestrar
ש א ר (She'ER) = corpo; carne

ב י ת (BiYeTh) = domesticar, domar, adestrar, cativar, amansar, treinar, educar
ר א ש (ROSh) = líder, chefe; cabeça; consciência, discernimento

ש י ת (ShYTh) = poço, buraco, antro
ב א ר (BeER) = explicar, esclarecer, clarificar, elucidar, revelar

ב א ר ת (Be'ERoTh) = poço, buraco, cisterna, antro
ש י (ShaY) = dádiva, graça, misericórdia, doação

ת א י (TháEY) = cubículo, antro
ש ב ר (SeVéR) = esperança, fé, expectativa

ש ת (SháTh) = fundamento, alicerce, origem
ב ר י א (BáRYI) = saudável, são, robusto, forte

א ת ר (AThaR) = lugar, local, sítio
י ש ב (YáShaV) = sentar, permanecer, ficar; residir, morar, viver

י ש (YêSh) = sm. substância, essência, síntese; ser, realidade
ב ת ר א (BaThRÁ) = final, derradeiro, último

ת א ב (ThaAV) = desejo, anseio, anelo, aspiração
ש ר י (SháReY) = autorizado, permissível

ת א ב (ThaAV) = desejo, anseio, anelo, aspiração
י ש ר (YáSháR) = justo, honesto, direito, reto, agradável

ת א ב (ThaAV) = desejo, anseio, anelo, aspiração
ש י ר (ShaYáR) = viajante, peregrino


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DICIONÁRIOS CONSULTADOS:

Dicionário Hebraico-Português. Jaffa Rifka Berezzin. São Paulo : EDUSP, 1995.

Dicionário Hebraico-Português & Aramaico-Português. Nelson Kirst et al. São Leopoldo / Petrópolis : Sinodal / Vozes, 1988.

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Alerto aos puristas e incautos que os verbos aqui traduzidos no infinitivo, na realidade, estão no pretérito, terceira pessoa do singular, como aparecem em dicionários modernos de hebraico, conforme explica a professora Jaffa Rifka Berezzin, em seu Dicionário Hebraico-Português.

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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

As curas de Waldo Motta, segundo Fabio Freire

Sempre evito falar desses assuntos. Agora, não dá mais para abafar o babado. O meu discípulo Fabio Freire lançou o seu próprio livro de poesias, cujo título é, exatamente, poesia, em janeiro, 12, e eu incentivei-o a criar um blog e ele publicou, logo de cara, no blog dele, o texto A cura. Ai de mim! Muitos dirão: agora virou curandeiro, taumaturgo?


Quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A cura
Por Fabio Freire

A verdade é que trinquei o osso do meu calcanhar direito e não me lembro como, nem a data. Era uma dessas lesões que eu pensava que iria sarar com o tempo; mas não sarou. Caminhava com dificuldade ao ponto de só conseguir pisar com a ponta dos dedos do meu pé lesado, uma dor que causava câimbras em minha perna se a caminhada fosse longa.
Procurei um médico que me radiografou e constatou a lesão no osso trincado, me receitando cataflam, um anti-inflamatório, me orientando que tomasse os vinte comprimidos do remédio de doze em doze horas, e me engessou o pé, me recomendando que, se andasse, usasse muletas.
Por outros problemas de saúde o medicamento me fez mal, fazendo com que eu perdesse alguns quilos, me debilitando o fígado. O gesso não permaneceu dois dias no meu pé, pois me incomodava. Não tomei os dez comprimidos restantes, desistindo do tratamento. E não voltei ao médico por desconfiança da competência da medicina. Também abandonei as muletas.
Andava com dificuldade ao ponto de ter que, por vezes, parar e dar um tempo até que a dor me permitisse continuar a caminhada.
Nestes dias freqüentava assiduamente a casa do poeta Waldo Motta, que testemunhava a minha dificuldade em andar em nossas caminhadas pelo centro da cidade de Vitória. Nesta época, ele, o poeta, morava num morro atrás do corpo de bombeiros no centro da cidade e tínhamos que subir muitos degraus da escadaria que dava acesso à sua casa.
Passaram-se meses e a dor não me cedia o conforto desejado. Cheguei a pensar que a coisa só iria piorar e que ficaria aleijado. Numa dessas caminhadas com o poeta, não conseguindo acompanhá-lo, por várias vezes tive que parar para recuperar-me da dor intensa na lesão. Quando tornamos a sua casa, um simplório cômodo, o meu calcanhar ardia em fogo de dor. Sentei ao chão e pedi cura ao poeta, convencido de que só o poeta Waldo Motta poderia me curar.
Ele me olhou com jeito de piedade e meditou em silêncio por um momento. Em seguida pediu-me que relaxasse e meditasse imaginando o número sete e o signo de peixes.
Não questionei a tarefa e me dediquei com toda a minha fé. Por um momento nada aconteceu, porém, no instante seguinte, extraordinariamente vi a presença dos dois símbolos em minha fronte, e, de olhos fechados, contemplei a visão.
Há um detalhe nesta experiência, simultaneamente à aparição dos símbolos senti um sopro de ar remexer meus cabelos e ouvi um mugido de boi. E pensei tratar-se de mais um símbolo, o do boi sagrado de muitas civilizações. Entre outras significações, o boi é um símbolo “de bondade, de calma e de força pacifica; de capacidade de trabalho e sacrifício, escreve Devoucoux a propósito do boi da visão de Ezequiel e do Apocalipse.” (Dicionário de Símbolos, de Jean Chevalier & Alain Gheerbrant, 17º edição, pg. 137).
Subitamente contemplava a visão dos símbolos. Talvez por querer medir a realidade do que estava experimentando, abri um dos olhos para me certificar de onde me encontrava, e me vi onde estava, no cômodo do poeta. E tornei a fechar o olho... e não existia mais o tempo. Não existia o cômodo do poeta, não existia mais o poeta. Não existia também o objetivo da cura. Nem eu existia. Existia apenas a visão dos símbolos em minha frente. Ou em mim, dentro, não sei.
Maravilhado com a cena, perdi a noção do tempo e do espaço e só admirava o número sete em chamas com o signo de peixes abaixo do numero e também em fogo. O número sete tinha um formato clássico e com o passar do tempo só havia em minha visão o número sete. Lembro-me de sentir o calor de suas chamas, e também de ter orado em agradecimento a Deus, pela experiência que vivia.
Waldo, talvez preocupado ou incomodado com a minha demora, me despertou de minha viagem interior e me perguntou o que ocorreu em minha meditação. Contei-lhe de minha visão. Ele me perguntou o que estava sentindo, respondi que estava sentindo um refrigério no local da lesão. Waldo ficou satisfeito com a minha experiência e me pediu que a repetisse mais três vezes, e logo estaria curado. Três dias depois não senti mais dor nem incômodo algum, podendo, novamente, andar descontraidamente, até os dias de hoje.

Visitem o blog do Fabio Freire, comprem o livro dele e apreciem o seu talento.
http://fabiofreirepoeta.blogspot.com/