segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

MENSAGEM ENCONTRADA EM MARTE

MARTE
ERA
TERRA

E A
ARTE
ATRA
ERRA

E A
RATA
MATA

AR E
MAR EM

MARTE

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

TRANSLATIONS

FURIOUS GOD

I held out my generous hands
to as many as I was allowed to
and said: I am God.
However, who believed it?
I was humiliated,
scorned: faggot God?
I was denied and fought against.
In my paralysed love,
I closed my lips and ears.
Until the repressed love
became loose hate.

Rip heavens and hells,
oh moans and cries
of resentful love.
Screw as many as
those who have denied my love.
Break out torments
in petrified hearts.
I want to be loved
I want to be loved
I want to be loved

&

OH BLESSED HANDS

Oh blessed hands, that probe
the twin hills;
sacred phalanges, that amuse
in the serpent’s den.
Nations of the entire world,
here’s my song:
it is time for rejoicing, for playing
on the holy mountain.

&

ENCHANTMENT

Oh serpentecostal God
who inhabitates the twin hills,
and made my asshole
the throne of your kingdom,
holy, holy, holy spirit
who, in love, forge us,
lick me with your tongues,
kindle your fire on me,
give me the grace of the frenzy
of the delights you keep
in the paradise of the body.

&

I ENTER IN

I enter in the
den of the scorpion.
I am the husband of the virgin
and the pair of the barren mother.
– mother of seven children.
I play in the cave of the dragon
and in the serpentine oven
I stick my hand.
Proximal, middle and distal phalanges,
servants of the Lord of the Armies.

&

OF THE MUTATIONS

If you are really sincere, you shall move
the Heaven, the Earth and the deities.
If maps don’t show your route
in these waters, appeal to the inner star.
Dissipate from your chest and forehead
the desire to love that oppresses you.
Never in the soil of disdain sow
this semen, but wait for your time.
The tiger awaits the prey still
ignorant to acclaim the noble hunger.
Thirst will end up finding the spring
and you shall share your prodigies.
The humbler your boat is,
the farther you’ll go, even against the tide.


&&&

Poems by Brazilian poet Waldo Motta, translated by Flavia Wanzeller Kunsch 

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

PRIMEIRA HISTÓRIA DO PARQUE
Jana Bodnárová
Tradução eslovaco-inglês: M. Scott Dineen
Tradução inglês-português: Waldo Motta


1. Todo de branco - longa e estreita touca na cabeça, ritmo fluídico de esquisito imperador - um árabe empurra uma cadeira de rodas pelas trilhas do parque-spa.

2. Na cadeira de rodas, uma jovem. Talvez filha dele ou sua jovem esposa, ele amável servo. Suas pernas são horrivelmente finas. Disformes e inertes.
3. Pouco audível, breve é sua ordem. O homem negro de branco pára, junto a vários laguinhos cheios de flores aquáticas. Sobre a turverdonha água esparramadas, imóveis folhas, como as pernas da garota, e como os seus olhos esbugalhados, pétalas cintilam multicores. Sem mover a cabeça, ela estala os dedos; e o árabe deixa a cadeira de rodas, e começa a dançar. Primeiro, em ronda imensa, ele ronda a moça na cadeira de rodas, ronda os laguinhos, ronda os imensos salgueiros e teixos cujos odores incensam a terra... Sobre a relvada ponte entre os laguinhos, agora ele passa a dançar girando em torno do seu próprio eixo... gira e gira...um místico, um desses nascidos para nos mostrar como tudo que parece firme um dia começa a girar; que a própria vida é apenas um girar em torno de um incompreensível ponto. Sua cabeça suavemente pende para um ombro, braços estirados - palma direita para os céus, a esquerda para a terra. Ele torna-se o Amor que volta sua mística atenção para o mundo existente.
4. A jovem está em êxtase. O dervixe dança para ela a dança do amor e rende-se aos deuses dos lagos. Ela se encurva para baixo; ela anseia ver a gentil face sob a superfície aquática, a face de algo que lhe possa oferecer um milagre. Os raios solares atravessam a ramagem, pinicam a água e saltam, fremilúcidos. Tais quais deuses aquáticos, beijam os olhos da mocinha, as faces e os entreabertos lábios, que abrigam a irrequieta língua.
5. Agora, a garota observa a dança das mãos. A direita, que toma; a esquerda, que doa...
6. À luz do dia, na repousante placidez, a garota remira a água. Vasculha a memória, através da fartura de palavras - palavras que lhe têm ensinado. E dentre elas, tais bolas de pingue-pongue, pocam:
Eu tenho mirado o meu coração.
Ali eu O contemplei.
Em nenhum outro lugar Ele foi achado.
Porém, ela começou a cantar, alto,:
“Ooooh, Alá, ooooh, Alá, ooooooooh, Alá...”
O inefável nome do seu Nume ela canta em voz eólica.
Agora, a moça vê na face da água o chamejante disco do sol.
7. Certa vez, Jung escreveu sobre uma jovem: ela viu (em seu sonho) a face do sol, a roda flamejante, porque ela era uma sensível e etérea menina que vivera em sonhos arquetípicos e jamais nascera plenamente.
#
Villa Waldberta, Feldafing, Bayern, Deutschland
21 de Dezembro de 2001

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

PROCURANDO DEUS?

Então disse Salomão: o Senhor disse que habitaria nas TREVAS.
-- I Reis 8:12

Aquele que habita no ESCONDERIJO do Altíssimo, à SOMBRA do Onipotente descansará.
-- Salmo 90:1

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

DIA DA PENHA

Dizem que se chamava Nossa Senhora dos Prazeres a senhora que virou Nossa Senhora da Penha. Mudança que não escapa à minha leitura, para alguns maliciosa: uma certa penha sagrada, também chamada monte santo e outros títulos assemelhados, que aparece em numerosas passagens bíblicas, efetivamente é um lugar de prazeres, alegrias, delícias indescritíveis. Aliás, o próprio paraíso é considerado um lugar alto, elevado, onde se situa o jardim das delícias -- o jardim do éden.
Suspiro pelo dia em que o nosso povo deixe de venerar a tal Nossa Senhora da Penha, mera abstração alegórica, e passe a venerar a penha de Nossa Senhora, ou melhor, a penha de cada senhora, e o rochedo de Nosso Senhor, de cada senhor. Quanto a mim, sou apaixonado adorador de minha própria rocha viva e de todos os montes semoventes.
Textimumunhas de Jeowalda
bebuns babeliais babam bobagens
EUCARISTIA

aqui eis meu corpus : comei-o


SABEDORIA YORUBÁ                                                          
Idi – fundamento, alicerce, base, causa, razão; ânus
WALDUPLEX

(my selfie & my belfie)

Todos mostram sua bunda
também vou mostrar a minha.
Aqui neste feces & butt*
hei de torná-la rainha.

_________
*feces & butt (bosta & bunda): facebook

QUEM TEM MEDO DO ABAPORU?
QUEM TEM MEDO DO BABAPIRU?
QUEM TEM MEDO DA BICHA PAPONA?
ANTRO-PAU-FAGIA
GRAAL

uma taça miraculosa guardada na caverna de uma montanha especial, num país fora dos mapas, e que somente o mais sensual entre os que o procuram consegue encontrar.

terça-feira, 21 de outubro de 2014



POESIA RELIGIÃO CAPITALISMO


A poesia criou religiões, com metáforas, alegorias, hipérboles, eufemismos, perífrases, circunlóquios, enfim, desvios, véus, embromações, truques de esconder, guardar e manter indizível, isolado, secreto e intocável o sagrado, isto é, o Nomenume, a coisa, o trem, o treco, o troço -- o Negócio.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

MEU DOCE AMADO JOHN

Meu leãozinho dourado, meu gato sarará,
em que floresta simbólica agora estará?


Quando Exu fela Sofia e se enfia no loló de Sofia

Será que nada pode mudar o passado?
O tempo é uma experiência subjetiva de cada um, condicionado pela consciência.
A consciência da duração.
O tempo é uma entidade apenas retórica, assim como o nada ou o vazio.
Existem incontáveis tempos, um para cada ser. E são tantos!
Até as partículas subatômicas são seres dotados de inteligência, sensibilidade, vontade. Pelo menos é o que sustentam alguns luminares da ciência mais avançada.
Existem inumeráveis futuros e passados, e incontáveis presentes.
E como o que conta é a experiência de cada um, assim, posso escolher o meu futuro e o meu passado.
Como diz um dito da cultura religiosa yorubá: Exu matou um pássaro ontem com uma flecha atirada hoje.
Alegoria do princípio dinâmico da vida, senhor de todos os caminhos, fator de ligação entre todos os seres, todos os espaços e tempos, Exu é capaz de tais façanhas.

domingo, 12 de outubro de 2014

POESIA: A QUEM SERVE?

Enfeitiçados por metáforas e alegorias, tais como Deus, Paraíso, Céu e outras abstrações sobre o cu, o cóccix, o osso sacro, ou seja, a área do primeiro chacra, fanáticos, abestalhados pela Besta, seguem se matando em disputa de um suposto território sagrado, de uma suposta cidade da paz.
Todos os poetas somos cúmplices dos crimes cometidos por esses fanáticos religiosos.
POESIA : REVELAÇÃO : AÇÃO REVEL
EU MESMO SOU O MEU MELHOR POEMA
DE POETA PARA POETA

Assim disse Virgílio a Dante:
-- Por que não vens ao deleitoso monte,
que de todo deleite é a fonte?

MUROS - I

SUSSURRO
URRO
MURRO
SUOR

SUSSURRO
URRO
MURRO
SUOR

SUSSURRO
SUSSURRO
SUSSURRO

URRO
URRO
URRO

MURRO
MURRO
MURRO

RUMOS


MUROS - II

UM
SÓ:
UM
ROR

SOU
UM
SOU
ROR

SOU
OURO

-- SOMOS!

SOU
SOMOS
RUMO
RUMOS

RUMO
MOR:
UR

RUMO
SUMO:
OSSO
UM

POESIA E CRÍTICA 

A crítica pode, sim, e deve tocar na poesia. Mas com respeito. Para mim, o bom crítico é aquele que se coloca no lugar do poeta. Tem que ter empatia. Não é falar mal nem bem. Trata-se de ser justo. Ninguém escreve apenas obras primas. E todo poeta, por mais ruim que seja, tem algum verso ou poema ou livro bom, ou razoável, ou digno de alguma atenção.