Neste momento de mais uma encenação do teatro alegórico
chamado Natal, em que se celebra o nascimento de uma criança
divina, eu que nasci numa grota no meio do mato, e que sou
matta e matto, chamado Waldo Motta, relembro que Wald, além de
significar governante, dirigente, guia, também é floresta, selva,
bosque, em alemão, e que em hebraico, WLD, é criança. E isso
me faz perceber que este momento é propício à revelação de meu
personagem alegórico no grande teatro do mundo. Além de árvore,
sou agora uma floresta de luzes natalinas!
Inspirado pela idéia da árvore sefirótica dos cabalistas, e em
estudos e reflexões sobre anatomia, e evocando ainda o conceito
de Éden (prazer, delícia) e me incluindo nesta busca pela coisa
perdida e agora reencontrada por mim (eu que sou Waldo), e sem
esquecer a floresta intestinal, onde penetrou o legendário Gilgamesh,
em busca da imortalidade, e da qual o labirinto guardado pelo Minotauro
é uma variação, imagino que o nosso corpo é uma árvore, se visto por
dentro: a coluna vertebral é o caule, ao longo do qual brotam os órgãos...
A alma e o corpo têm as suas estações, ciclos: primavera, verão, outono,
inverno; solstícios, equinócios; dias e noites.
Em meu entender, o Natal é o tempo do renascimento da luz da alma, ou
melhor do florescimento ou talvez frutificação. É um momento de esplendor,
uma epifania! O importante é a metáfora, a alegoria. Não a exatidão
objetiva. De qualquer modo, Natal é isso: o instante do (re) nascimento
da criança divina no âmago de cada um. Não importa em que acreditemos,
temos um Deus adormecido em nós (aliás, cru-ci-fi-ca-do), do qual, por
exemplo, o Cristo histórico é um personagem alegórico (E Jesus tinha
consciência de ser um ator!). Em certos momentos, este Deus adormecido,
crucificado, assassinado por todos (era o povo que gritava: crucificai-o!),
em riba daquele monte, desperta, renasce em cada pecador, assassino.
Isso é Natal. Feliz Natal!.
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